Noite a dentro, cruéis tempestades de gelo encobrem o casco militar.
Sem radares nem GPS passo por lugares mortos.
A procura do nada. Acontece que o nada está diante dos meus olhos.
De dia há muita neve. Uma neve tão branca que me cega.
Deparo-me a um lago congelado, próximo a uma floresta de coníferas.
E vejo uma ponte que liga lugares espirituais.
O que são? Quem são? O que foram quando vivos?
Espectros transpassando o tempo e espaço sobre águas congeladas.
Dizem que é a Aurora Boreal. Quem tem certeza do que vê?
O dia tão gélido e tão branco. Esteiras á neve tão pacifica, mas traiçoeira.
Estou em um buraco camuflado pelo gelo.
É nessas horas que me questiono.
O que faço em lugares dizimados?
Fácil. Estou apenas.
Mas é com alavancas auxiliares prossigo minha jornada.
A noite tão escura que meus faróis mal podem trazer a visibilidade.
Atropelo fatalmente animais que estariam vivos agora.
Mas é preciso passar.
É preciso achar o que nunca vou achar.
É como a própria vida.
Sem razões, sem motivos, sem objetivos.
Passar enquanto é possível.
E a cada momento de vazio existirá a busca por mais sentimentos lacunares.
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