quarta-feira, 16 de junho de 2010

Falando de maneira eliptica II

Musica para acompanhar:
Creep - Stone Temple Pilots

Acordei, tomei o café amargo e fui para a mercearia. Todos os dias eu faço isso, chego as oito e ligo o noticiário. Às vezes os amigos vem conversar, mas quase sempre estou diante do rádio esperando a hora do almoço. João veio logo cedo para saber se eu estava interessado no bolão da Copa, disse que sim e falamos sobre como a vizinha consegue conviver com dez cachorros e quatro gatos. De fato abusa de sua saúde, mas acredito que ela goste de todos eles, então o esforço valhe a pena. Imagino que para gostar de catorze animais é preciso de muito amor mesmo, ou muita carência, a velha era sozinha e os filhos moravam em outra cidade. João me falou sobre o atraso de sua aposentadoria e sua pensão, é claro que falamos mal do governo. Onze horas é hora de ir para casa(do lado da mercearia) sento e vejo que a humidade esta tomando conta das paredes, é hora de pensar numa reforma, quem vou contratar para este serviço? se fosse ainda novo, faria facilmente. Hoje vai ter baião de dois e carne de sol de novo. Adoro isso. Mas minha mulher faz porque é mais rápido. Já não tem tanto jeito na cozinha como antigamente. Uns vinte anos atrás costumávamos cozinhar juntos. Hoje não mais, pois estamos meio velhos para ter o cuidado e calor que tínhamos. Depois do almoço vou escutar aquele disco do Belchior e cochilar. Lembrei que preciso ir a Lóterica, então farei isso assim que chegar. E também a pia do banheiro está vazando, vou tentar consertar, acredito que seja apenas uma vedação com fita e estará resolvido. Não consigo aceitar como as coisas se desgastam tão rápido. Há tanta coisa a se fazer, mas a pouco tempo e pouco jeito para tantas coisas. É preciso fazer poucas coisas e se concentrar nelas, para que sejam feitas de bom gosto. Hoje ando na metade da velocidade que andava, a vida está mais lenta que antigamente. Mas foi exatamente o que pedi. Sou grato por ainda ter coisas para fazer e realiza-las com uma dedicação maior. o João vai passar pela noite para assistirmos o jogo e eu preciso cortar as unhas do pé, bem que eu estava sentindo um certo desconforto esses dias. Preciso passar no laboratório e pegar os exames, talvez minha glicemia e o colesterol tenham baixado. Assim vou poder ficar mais tranquilo para viver mais.

Falando de maneira eliptica

Musica para acompanhar
Creep - Stone Temple Pilots

Estou na escola, todas as crianças estão brincando com seus bichinhos virtuais, mas cansei de brincar com isso, fico aqui sentando na carteira, esperando a hora do recreio, mas o tempo custa a passar. O desenho ainda não fiz, não sei nem o que nem como desenhar. Fico olhando para a janela, para ver se acontece alguma coisa legal. Mamãe disse que hoje vai demorar 10 minutos para chegar, e estou triste por isso. As outras crianças parecem tão felizes alimentando seus bichinhos que eu me sinto sozinho. Ninguém quer fazer outra coisa, e todos já fizeram seus desenhos. Quando sairem suas mães estarão esperando no portão da escola e a minha vai demorar uma eternidade para chegar. Olha só um passarinho pousou na janela, que bonitinho, é gordinho e azul, acho que ele esta com fome, ou talvez queira entrar. Se ele entrasse na sala talvez ele pudesse vir aqui na minha carteira brincar comigo. Como é possivel que com suas asas ele voe tão alto e viaje por tão longe e por tanto tempo. Onde arranja tanta comida para comer? Se eu fosse um passarinho, seria como estou agora, a única diferença é que eu estaria voando essa hora. Não posso sair lá fora para brincar, ainda não deu o sinal. Mas não quero ficar aqui. Se eu pedir para ir no banheiro poderia ir brincar no pátio, mas não posso. podem me pegar e brigar comigo. E se eu fosse beber água? Mas não estou com cede. Por que será que ela fala tanto? Todo mundo esta brincando com o bichinho virtual sem graça e ninguém está escutando e eu não consigo entender o que ela diz. Quanto tempo falta para o recreio? - Havia acabado de começar a aula na primeira série.

Obcenidades

Musica para acompanhar
Have you ever a loved a Woman? - Lightnin'n Hopkins

Hoje acordei cedo. Senti o corpo formigar e fui trabalhar, sem saber o que faria, sem saber que horas tomaria o ônibus, sem saber de nada. Fechei os olhos e desliguei do mundo a fora. Fiquei vinte minutos pensando que estava dormindo. De repente a vi no ônibus e me fingi de morto. A vontade de dar bom dia era muita, mas o bafo da manhã e face amassada pela noite não permitiram. Nem o perfume seria o suficiente para cobrir tais faltas de capricho matutino. Morto estava a caminho do trabalho em plena sete e meia da manhã. Cansado de fazer as mesmas coisas num vicio necessário. A falta do produto num trabalho é como não ser fértil. É como fingir de morto, é como fingir uma felicidade. A satisfação por fazer e produzir é sentir a carne envelhecer com propósito, para que a vida tem algum sentido, mesmo que escondido e não se possa achar. Morrer é difícil, é uma decisão romântica e matar também. Vou me deletar deste mundo. Pressione Enter para continuar se matando todos os dias. De vez em quando vemos que se matar é uma coisa visível e logo tomamos uma atitude, mas que vai enfraquecendo a cada dia monótono que passa.Morrer não é de todo um mal, algo horrível, pesado, é simplesmente a morte como sua definição. Apenas. Morremos e matamos todo santo dia. Para tanto é preciso continuar vivendo e quanto mais pensarmos na morte como sua própria definição, vemos que hábitos podemos reparar, que insanidade dá para parar, que imbecilidade dá para deixar de fazer todos os dias, ou de final de semana, ou de feriados, seja lá que horas for. Se pensamos que estaria falando de vida, estamos enganados, nem eu mesmo penso na vida que tem meus vícios e manias. É impossível parar de ser assim eu imagino, e me concentro no que dá para transformar, não o olhando o essencial. Ás vezes não é possível para ficar cara a cara com nós mesmos. Nos escondemos, é fato. E ainda somos tão ditadores, nos igualamos aos nossos próprios inimigos as vezes, que vergonha para nós mesmos. Se rebaixar e fazer essas coisas ignóbias, se ao menos percebessemos que tais atos influenciam tanto nossas vidas, mas tanto, que daria até vontade de pensar três ou até mais vezes antes de fazer certas imoralidades.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Objeto, observador e seus pensamentos.

Musica para acompanhar:
Crash and Burn - Sheryl Crow

Sentado na beira de um rio, de madrugada: a Lua, companheira dos meus devaneios.
Sob a sombra de uma árvore: penso.
Penso nas coisas que pensei e que vivi esses dias.
Pensei que talvez fosse tudo ingratidão.
Tomara que eu não tenha que pagar pelo que eu não comprei.
Tomara que eu não tenha que pagar o que me roubaram.
Roubaram meu tempo?
Mas dei tempo simplesmente, não quis nem saber se era bom ou ruim.
Fui de coração de carne ingênua.
E que bate tantas vezes por gente que nem nunca viu ou tocou.
Saí da minha cidade pois eu não merecia.
Não merecia as pessoas que estavam a minha volta.
E será que elas me mereciam?
Será que elas enxergavam quem eu realmente era?
Ando todos os dias sob o sol incessante, fritando neurônios.
De repente se ficasse dormente eu não sofreria.
Mas se eu despertasse, a dor de nascer iria ser abrupta.
Dormir na cama e acordar numa queda livre direto para o sepulcro de um rio congelante.
É como brincar de morto vivo: Feliz triste.
Meus pés ja andaram muitos quilometros. Mas não ligo para a distância.
Só quero fazer algo que tenha um valor especial!
Quero sentir vida.
Não quero ser enganado, muito menos por mim mesmo.
A CRUeldade das coisas faz a estabilidade dos seres.
É o diferencial pontiagudo da vida.
Raw Meat. Ainda por ser servida, cozida, frita, assada, com ou sem tempero ou refogado.
Há muito o que se pensar, o que se evoluir.
Tudo está pronto no mundo, só falta saber como viver.
Saber como ser, sem deixar de ser. Ter tato.
Intrínsecamente desmentir o lado negro, o lado claro...
Sair de casa e escancarar a cara para cataratas: Que beleza as têm!
A beleza que se faz primordial na natureza, o que estraga é preocupação em ser perfeito, por isso,
vou esquecer as ofensas:
As ofensas a minha pessoa.
aos meus pensamentos,
a minha experiência,
a tudo que fiz de nobre.
Tudo é lixo e todos são uns vermes nojentos.
Tudo e todos aqueles que ignoraram o pôr do sol. Os que tratam a vida como algo trivial e passageiro.
Se há vida, há um porquê escondido.
Se não houver um, inventar é tornar a vida verdadeira.
Ou mascará-la em um globo onde só vc habita e produz vida inteligente ou burra sobre ser trivialmente cru.
Sou xucro, carrancudo, como as carrancas tribais e por vezes intolerante.
Há tolerância para muitos e há intolerância para poucos.
E é por isso que sempre questiono, será que enxergo mal ou penso errado ou a coisa é que é o problema?
O problema está no olho, na vista ou no cérebro?

sábado, 5 de junho de 2010

Tempo e seus tentáculos

Música para acompanhar:
Burst Generator/ A Modern Midnight Conversation - The Chemical Brothers

As coisas e o tempo tem uma relação peculiar.
Digno de atenção e de coerência para nós mesmos.
Nascimento e prédio,
Gravidez e cimento,
forno e pirata,
tesouro e bolo,
distância e graduação,
chegada e diploma.

Os segundos às vezes são despresiveis.
Os minutos também.
15 minutos para a chegada,
do onibus e para o inicio de uma viagem.
Sabendo onde se quer chegar,
permite nos ter clareza.
Se não sabemos: medo.

Manequim na vitrine,
o cliente exigente,
o gastador,
o indeciso,
aquele que só compra em liquidação.

Em outra dimensão,
há capsulas de vidro
com pessoas congeladas num sala,
Num planeta futurista.
Naves interplanetarias
trazem e levam gente,
esperanças e frustrações.

A espera de serem encontradas,
Haverá o dia em que a aurora do dia
refletirá a insanidade da noite
e o neom que cobre o sol
seja a manta da Lua.
Uma energia avassaladora destruirá
qualquer barreira ou proibição com
Tera trilhões de megatons.

Não podemos ser objetos,
Não compramos e não somos comprados.
Se nos querem ou queremos alguém é preciso que o tempo
Permita que sejamos quistos.
Permita que possamos querer.

Só o tempo configurará uma situação
Moverá os astros aleatoriamente.
Chegarão a sala das capsulas
Desligarão o dispositivo
Será o resgate
Resultado da busca.
A gratificação celeste.
O tempo também pode transformar tudo
em mais medo, sofrimento e pesadelo.

Congelados como maneguim na vitrine,
vestidos com passados e futuros que o tempo pôs a venda.
A espera e estacionamento,
Inércia do movimento e acontecimento,
Doença e pergunta,
Resposta e cura.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Podando braços mecânicos.

Musica para acompanhar:
Das Spiegel - The Chemical Brothers

Um complexo robotico não tem consciencia.
Nem nós.
Acoplado de outros robos, são desconectaveis.
Programados em linguagens.
Muitas vezes conflituosas.
Cheias de sombras, maquinas encantadoras.
Chegam a trabalhar por muito tempo
depois como se relaxassem e se rebelassem
Param de exercer funções.

Desconectar! Suspender funções!
Religar, reconfigurar, maximizar, dinamizar.
Substituir, adaptar, transformar, recodificar.
Mudar linguagem, outra forma de comunicar-se.
Computadorizamento de comportamentos.
Humanificação de algoritmos computadorizados.

A abelha espalha o pólen de outras flores numa flor.
A relação penumbriana faz a perpetuação das especies.
A sincronia e disincronia natural é imbuida de energia.
Faz mecanismos naturais algoritmos rítmicos.

As crianças mais atencionam do que pensam.
Aplicam suas gramaticas internalizadas.
como um algoritmo computadorizado.

Se eu me desligar, seria uma especie de suicidio.
Do momento, ao me religarme, sair do modo suspenso,
estarei em outra realidade, com algoritmos mutantes.
Mutação natural de derivadas e integrais multiplas e interdimencionais.