quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Chamado: Uma voz oculta

Save a prayer - Duran Duran

Antes que seu cão o morda, morda-o.
Acorde cedo se quizer ver o sol nascer.
Se quiser viver, não morra!
Antes que alguém te sacaneie, seja sagaz!
Racionalize certas emoções, pois elas também são do cérebro.
Tenha paz com sua própria paz.
Seja burro para não aceitar a vida e não querer mudar.
Se não mudar, mude para o mesmo estado.
Guarde suas orações, elas valem muito mais que pensamos.
Como uma força oculta que não sabemos que existe e não temos a mínima ideia de como usar. Por isso vá estudar e descubra se é capaz!
Olhe ordinariamente para si mesmo, assim vai descobrir quem vc é.
Se gostar do que viu, não é preciso comentar.
Se não gostar, tenha vergonha na cara!
Seja mais rápido que seus impulsos, eles podem te derrubar feio!
Não se arrependa, pois se arrepender é inutil para quem engana a si mesmo!
Saiba sentir o tempo e o espaço. Escaneie os relevos de sua vida.
Invista em vc vastamente e respeite, a si e aos outros! Pois não terão o devido respeito com seus sonhos. Não por maldade, mas por não poderem ler sua mente como vc lê.
Coma o lobo antes que o lobo o coma! O lobo faminto e indomavel da sua mente.
Tenha sempre um travesseiro fofinho, sua cabeça não pesa o que seu corpo sustenta.
Queime sua mata, polua suas águas, com o que vc é, mas não pegue emprestado o lixo, a foice ou o fogo de alguém.
Não siga regras, placas, livros de auto-ajuda, busque dentro da sua mente sua propria orientação. Se existir muros, durma mais e comece a se preocupar.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Encanações

Fiz de uma folha de sulfite uma carta de alforria.
Deixei de durmir uma noite para ficar acordado todos os dias.
Fiz de uma hora varias semanas.
Deixei de pensar para me encanar.

Tubulação, Conduites,
Caminhos, claro!

Fiz um pedido, e ainda não aconteceu.
O que será que fiz de errado, o que será que falta enxergar?
Tentei tomar o chimarrão, mas achei amargo, porquê?
O que pus nesse chimarrão que deixei o amargo ruim?
Tentei, de coração aberto, eu tentei...

Preocupações Tubulares...
despejo em letras...

Desencanar!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O Gatuno Zumbi

Musica pra acompanhar: Monkey Moon por Noctaluca

O Gatuno zumbi fica nos altos dos prédios, pela noite assobiando músicas que ele mesmo criou. Fica inerte em seus pensamentos, pulando de prédio em prédio sem propósito. Não acredita em nada, mas enxerga tudo, sua visão multimetaforizada, age como prisma em sua mente, e ele nem liga. Se está cego, não acredita, se enxerga com clareza, apenas só enxerga escuridão e sente prazer. Não tem familia, não tem perspectivas, não tem fome, nem sede de vida. FICA INERTE. FICA INERTE. FICA INERTE. Vai se pendurando nos postes, como o homem aranha... mas não é nenhum heroi. Ele apenas existe. Não vive. É um zumbi. Mas sente. Sente a cidade em sua volta. Sente a poluição das mentes, a poluição das pessoas. Ele não interage com as pessoas. Deixa ser. Deixa como está. E mais um rolê pela cidade ele dá. Passa por todo o tipo de lugar, só descansa quando o sol nasce. Bem longe da multidão que levanta cedo. Que dá o sangue pra viver. Enquanto ele dorme durante o dia ele o troca por sua morte dinamica e noturna.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Mexerica da Saudade

Autores: Arthur Pompilio Astrogildo da Silva & Thamires Zaboto Mirolli

Depois do trabalho, lembrei que precisava passar no mercado, reabastecer a micro dispensa de uma prateleira de casa. Dentre muitas gondolas de coisas variadas, algo me atraiu como uma força magnética até a sessão de sacolão. De repente me deparei com mexericas, é óbvio que não é uma fruta a qual comemos todos os dias, feito maçã, existe algo de misterioso no sabor e na própria forma e textura da mexerica. Peguei algumas, por sinal, muito laranjas e vistosas. No caminho para casa não pensei em nada, apenas em descansar e no conforto que nossa casa nos traz. Ali olhando para as compras que tinha feito, e para o sofá confortável em que estava, muitas coisas me passaram pela mente. Súbito me levantei e fui até a cozinha. Lembrei que eu tinha de lavar a louça e limpar o leite que havia derrubado pela manhã. Após a modesta faxina, decidi pegar uma mexerica. Havia muito tempo que não degustava uma. E o fato de apenas segurar aquela fruta sob a luz central da cozinha, me fez sentir algo indescritível. O laranja era tão vívido aos olhos, como se tivesse luz própria. Aquela luz contrastava com o pôr do sol, que agora vinha pela janela. Decidi, por fim, descascar a fruta, afinal, estava morrendo por algo que abastecesse meu estômago cansado de um dia de trabalho. Mas ao arrancar o primeiro pedaço, senti o aroma inconfundível. Esse aroma me remetia quando minha avó chegava da feira com minha mãe com sacolas enormes cheias de mexericas. Recordo-me também quando minha família ia nos sítios e fazendas das pessoas, onde elas tinham pés de mexericas. Nós comíamos no período todo de férias. Lembro que depois de comer umas cinco mexericas de uma vez só, aquele cheiro impregnava nas mãos, e eu passava o dia sem conseguir removê-lo. Agora, a mexerica estava toda descascada e como antes o cheiro ficou nas minhas mãos. Parti-a ao meio e me preparei para saborear o primeiro gomo.instantaneamente lembrei-me de nossa viagens com a familia toda, todo aquele tempo de viagem infinito, eu e os irmãos pequenos ainda faziamos tanta festa dentro do carro que eramos açoitados por broncas durante a viagem. Fingiamos que faziamos silencio, pois faziamos brincadeiras silenciosas mas sempre com um final de exaltação e risos até a bronca da mamãe. Ao segundo gomo, lembre-me de quanto o contato com a familia me parecia confortavel. As vezes vejo familias nos shoppings, nos parques, nas ruas, e noto a complexidade paradoxal, pois também é simplicidade, que há em um convivio familiar. Saudades. Fui beber agua e lembrei-me das obrigações. Decidi voltar a mexerica. E novamente lembranças de outro tempo tomaram minha mente. A nostalgia é algo magico, pois nos transporta e transforma, é como se a lembrança achasse outro lugar da memoria para se acomodar, como novos detalhes ou até com os mesmos, mas sempre com uma caracteristica diferente.Lembrar daquele tempo, me fez pensar em como era bom os tempo de criança, onde não haviam responsabilidades, onde a maior preocupação era a brincadeira ou a bronca do dia seguinte. Já havia passado de metade da fruta agora, e era como a minha vida. Eu estava no meio dela. Já tinha muito do que me lembrar, me arrepender e me alegrar, mas ainda tinha muito por viver. Mergulhei no sabor de mais um gomo, e me lembrei dos tempos de adolescencia. Eu já não via mais minha avó trazendo mexericas na sacola de compras, pois ela tinha ido para outro lugar, alcansável só pelos sonhos humanos. E um misto de tristeza e alegria me invadiu o peito. Esse sentimento duplo abriu a minha mente para perceber que as lembranças que carregam tais sentimentos não trouxeram os momentos de volta, mas a sensação que ainda posso vive-los, no sabor, no cheiro grudento nas mãos e na textura unica da mexerica.