segunda-feira, 5 de abril de 2010

Noticia de Jornal

Um homem caiu em um buraco.
Passou horas sem comer, horas esperando ajuda. E morreu.
Um anjo desceu a terra e o tirou do buraco em que estava.
Sua alma subiu. Encontrou Deus.
Naquele buraco estava tudo no que acreditou. Tudo o que viveu.
Os insetos peçonhentos eram as pessoas que o rondavam. O escuro era sua clareza de pensamento. Sua fome era seu vazio de todos os dias. acordava e achava sua vida inútil. Desistiu de tudo. Não quis mudar. Não quis mudar de emprego, não quis conhecer pessoas novas ou não deu chances as pessoas novas o conhecerem.
Todo aquele buraco que só ele cabia era sufocante. Pois para todo lugar que se movia era cada vez mais irrespirável. Seu ar foi acabando lentamente como sua vontade de viver. Seus sonhos eram flashbacks de tudo o queria para sua vida e não teve.
À medida que sua vista ia se apagando, perdia os sentidos.
Os insetos cada vez mais vorazes, se alimentavam de sua carne.
Já não tinha mais forças para aguentar o peso da vida e foi morrendo. Assim como quem vai esquecendo um habito até não lembrar mais que o fazia. Sobraram roupas. Suas roupas sujas de sangue e de terra. E a saliva dos insetos.
Foi bom ter morrido. Assim de uma desistência. Melhor do que tentar conter a enchente, do que tentar evitar uma doença grave, do que tentar expressar seu sentimento por alguém mesmo que você tenha pouco contato, do que combater a corrupção, do que convencer seus filhos a fazerem a mesma coisa que você fez e nunca se arrependeu, do que pensar que caridade enobrece a alma, ou achar que Deus perdoa todos os seus pecados para que se peque mais e cada vez com menos consciência.Às vezes é melhor ter um gosto amargo na boca do que gosto de sangue. É melhor ter paciência do que matar ou morrer, com o motivo que sempre será pequeno para sua individualidade, pois todos nós encontramos a nós mesmos quando estamos numa floresta selvagem, dentro de um buraco, uma armadilha.

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