quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Será que hoje existe pai?

Dogs - Pink Floyd


Isso é Pai de Família?


Era segunda-feira, vinte e uma horas, o homem acaba de chegar. Com a própria roupa suada e suja da rua, senta no sofá e liga a TV para ver as noticias. Espera a mulher servir a comida. Gabriela Gala era casada com esse homem, ao longo do dia, pensava no marido, pensava em sua historia, na vida que levava, no protetor e provedor da família, um guardião. Estava insatisfeita com a vida de dona de casa. pensava em trabalhar no banco. Ajudava as crianças com as lição de casa, dizia as crianças que ao estudar se preparavam como pessoa, se distinguiriam de pessoas que ignoram a vida, a sociedade, o próximo. Augusto tinha em mente estudar historia, ouvia atentamente o que sua mãe, Gabriela Gala, dizia, percebia que os portugueses não poderiam simplesmente fazer um acordo com os índios e os negros. Desconfiava da professora de Historia, queria descobrir, saber da historia de seu país. Plínio adorava as aulas de ciência, pensava em ser astronauta, viajar para planetas, galáxias. Pensava que era muito menor que um grão de areia, para o universo que via e lia nos livros, nos vídeos da internet. Era fascinado por matemática. Conversava com a mãe sobre as invenções da NAASA que usamos no cotidiano. Na terça feira, vinte e uma horas, o homem chega, senta no sofá, espera seu jantar ser servido por sua esposa, Gabriela Gala, Assistia TV, dormia no sofá e de manhã bem cedo tomava banho, tomava café com sua família e saia mais um dia de trabalho na quarta-feira. A noite, assistia novela, enquanto comia. Desligou a TV, foi tomar banho e decidiu dormir junto de sua esposa. Gabriela Gala, estava certa de que seu marido, não tinha qualquer envolvimento afetivo com a família. Lamentava. Não queria mudar de vida, pois o amava. Amava sem saber o porquê, mas amava. Na quinta-feira, o homem chega em casa, de noite, com um novo celular com ótima tecnologia. Os filhos estavam ansiosos para ver, mas o pai não permitiu que eles tocassem no aparelho. Augusto e Plínio, entendiam que o pai era uma pessoa que sofria muito por trabalhar demais a semana toda, e não ter descanso. Entendiam que a situação financeira não estava favorável, pois abdicaram do judô e futebol, aprenderam a tomar ônibus para ir e vir, para não depender do "tio da perua". A ausência do pai era muito sentida, os garotos percebiam que o pai precisava estar presente em muitos momentos. A mãe, Gabriela Gala, essa sim, acompanhava a evolução dos filhos de perto, e lhes dava muito amor. Na sexta-feira, o marido liga para a mulher no horário que sempre chega e diz que vai chegar tarde por conta de uma cervejada com os amigos. Gabriela Gala entendeu perfeitamente, pôs os filhos para dormir e foi dormir logo depois. No fim de semana, o homem se enclausura em sua oficina nos fundos da casa e só para seus afazeres na hora do almoço, para se alimentar é claro. Era uma família, exceto a falta, a presença ausente do pai de família.

E esse é Pai de Família?

Sérgio acordou as seis da manhã, levantou, foi esquentar o leite de sua filha ainda bebe, olhou para o lindo bebezinho e se lembrava o quanto sua vida tinha mudado, o quanto aquele bebe representava sua vida, a partir de seu ponto de vista. Hoje iria trabalhar, lembrou que iria dar treinamento a alguns funcionários e já teve idéias muito boas, para que os funcionários não ajam como robôs, mas que demonstrasse sua humanidade com o próximo. A partir de varias estratégias da psicologia, pensou que podia treiná-los muito bem para terem uma ótima qualidade de vida profissional, pois sabia que se os preparasse bem, teria um clima em seu ambiente de trabalho muito mais agradável e produtivo. Voltou ao quarto, beijou a esposa, dizendo que a amava, mas também dizendo que precisava de ajuda para preparar o café da manhã. A esposa enrolou mais um pouquinho no calor confortável da cama, enquanto isso Sérgio já trazia descontraidamente o café para o quarto. Ele fazia isso algumas vezes no mês. Não era sempre. Acordavam juntos, dividiam tarefas. Sérgio se preocupava com tudo dentro e fora de sua casa. Se preocupava com o bem estar de sua família. Pensava que sua mulher, que trabalhava, apesar do dia estressante, poderia querer algo para relaxar a noite, talvez um filme, uma boa fofoca, um desabafo, uma conversa filosofante, mas não monótona. massagens, carinhos... Sérgio fazia duas poupanças, uma para sua família e outra em especial para sua filha. Se Sérgio pudesse seria um pai de família mais presente e atencioso, mas seu emprego de trinta e seis horas semanais(contando um dia do fim de semana, escala) poderia ser insuficiente. Embora sua sogra sempre o elogiasse, pela felicidade da filha, tentava entender como poderia contornar as situações quando sua esposa estivesse irritada com fatores externos. Cuidava da sua filha com tanto carinho que muitas vezes dormia em pé debruçado no berço da criança. sempre imaginava o futuro de sua filha, que seria brilhante. Sérgio fazia faxina, discutia política com a esposa, lia a Bíblia, dava atenção a outras religiões, tinha grandes amigos ateus, tentava dialogar com uma vizinha velha e rabugenta, quando lavava o quintal, muitas vezes sem sucesso nenhum, pois a velha mais reclamava do mundo, do que ouvia a voz de Sérgio. Imaginava todos os dias em como ser uma pessoa melhor, um pai melhor, um marido melhor. Discutia muitas questões com sua fiel companheira, sua esposa. Ela não conseguia enxergar homem melhor que ele. Sentia-se protegida, satisfeita, amparada, segura, livre para fazer o que fosse quisto. Porém reconhecia os esforços de Sérgio e o queria sempre por perto, queria sempre fazer coisas junto com ele, pois era maravilhoso estar ao seu lado. Sua mulher era quem dera vida a Sérgio. Era sempre ela quem o apoiava, quem ajudava na faculdade, nas idéias dos treinamentos, nas mudanças de comportamento, nas decisões financeiras. É um esboço de uma certa família, exceto por ser bastante idealizada.

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