segunda-feira, 24 de maio de 2010

Nada pra fazer

Musica para acompanhar:
Picture City - Rayman(game)

Tenho um papel, um lápis e uma borracha.
Tinha um conjunto de coisas.
Agora não tenho muito.
Tinha um amor.
Agora só lembro de uma flor.
Escrevo, desenho e a apago.

Quebrei a ponta do meu lápis.
Achei um apontador.
Agora escrevo um poema,
Sobre as coisas que perdi
Tinha o equivalente ao que um rei teria.
Se soubesse como vim a perder...

Tinha casa, moveis, livros, comida, computador...
Tinha quem eu gostava, mas agora não há mais nada.
Papel e lápis, e uma prisão.
Desenho uma aquarela.
E do branco profundo,
a mais farta gama de cores já vista.

Desenho então as coisas que tinha perdido
ao lado do poema.
E assim vou admirando os desenhos,
E me desprendendo das coisas.
Mas não me desprendo dela.
Talvez não perdemos pessoas.

Perdemos oportunidades.
Perdemos momentos.
Perdemos a chance de nos redimir.
E se não temos mais nada,
Só nos resta reinventar.
Reinventar o que ainda resta em nós.

Estou num mundo de papel em branco.
A cada desenho reinvento o mundo.
É preciso de toda a atenção,
Para que todos os detalhes sejam reproduzidos.
Desenho o sol para me aquecer,
As arvores para me abrigar,

A água para beber,
E o que mais?
O que eu mais quiser.
Desenho então seu rosto.
Transformei momentos em memórias.
Não é possível reinventar momentos.

Esse é o momento da redescoberta,
De um renascimento e,
mudança de vida.
Se eu pudesse ao menos traze-la de volta.
Vou desenhar um sábio.
Assim ele poderá me ajudar.

Quando ficou pronto ele já começou a falar.
Se me desenhou então porque não a desenha?
Se fizer só o rosto, só o rosto terá.
E assim foi, do nada ao tudo.
Da tristeza a maior a alegria.
Tudo porque fiz minha liberdade a partir do nada.

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