quarta-feira, 12 de maio de 2010

Homem de sonhos

Musica para acompanhar:
Oh Well, Okay - Elliot Smith

Levantou cedo, ainda o dia estava escuro.
No frio, no vento com chuva, saiu de casa com um propósito.
Era difícil sair de casa sem nenhum no bolso.
Morava nos pés das montanhas.
Ia ele acompanhado de seus pensamentos.
Todos no vilarejo o respeitavam.
Viam o grande homem que era por seu negocio ajudar a todos.
Mesmo assim era pequeno.
Sua vida era insuficiente. Incessante.
Não achava sentido em lugar nenhum.
Perdeu-se.
Sonhou que tinha visto um anjo no alto da montanha.
Por isso levantou cedo e decidiu encontra-lo.
Era um absurdo.
Era ridículo.
Mas era sua vontade.
Não havia contado para ninguém.
Era uma ansiedade sem fim.
Uma vontade gigante de encontrar o sentido que tanto procurava.
Deixava para trás sua vida.
Não encontrava outra coisa instigante quando encontrar aquele anjo.
Conforme ia subindo, suas pernas congelavam, era um frio absurdo e ridículo.
Agarrava-se nos galhos espinhosos das plantas e se feria cada vez mais.
Com frio e dor, não desistia.
Pensava que era a única coisa a se fazer. Fazer por ele mesmo.
De repente escorregou. Ficou com o rosto ralado e quebrou um dente.
Estava exausto e faltava muito para chegar.
Até que seu corpo parou de responder e adormeceu.
Acordou no mesmo lugar e pensou:

-Anjos não existem! Foi um belo sonho num mal momento! E só.

Voltou para casa completamente perdido.
Ao ponto de não se achar na sua própria casa.
Ficou inerte até um dia qualquer.
Como uma despedida de suas alucinações.
As únicas que traziam uma felicidade.
Que mostravam que era possível se preencher.
Preencher-se de sonhos.
Porém quis ficar na expectativa do nada.
Pois se ganhasse alguma coisa, era coisa alguma.
Mal ele sabia que ainda seria fértil de sonhos quando isso acontecesse.

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