quarta-feira, 12 de maio de 2010

Na sombra de si mesmo.

Musica para acompanhar:
Say Yes - Elliot Smith

Estava ele parado em frente a casa dela.
Pensou em mil coisas.
Era meia noite e a família dela estaria dormindo.
Jogou uma pedra na janela dela.
Não teve coragem de ficar e saiu rapidamente com sua bicicleta.
Por que era tão difícil conviver com seus sentimentos e pensamentos?
Era uma tarefa muito difícil lidar com essas coisas do coração.
Para ele era melhor fingir que eram só amigos. E que não gostava dela de verdade.
Havia muitas coisas que ele fazia questão de esconder.
Por pura defesa.
Ele não tinha consciência disso.
Se defendia de si mesmo.
E brigava consigo quando estava sem nada para fazer.
Atirava dardos nos frutos de uma árvore.
A árvore que o viu crescer.
Morava num bairro bem campestre, perto da cidade.
Não tinha noção do que era capaz de fazer.
Não sabia pensar.
Pensava, mas achava aquilo uma baboseira.
E dizia:

-Como sou tonto, não vou ficar pensando em idiotices, eu não sirvo para essas coisas. Sou um homem sóbrio, sentimento são para mulheres.

Mas ao ver o pôr do sol sentia melancolia e também não tinha consciência disso. Ainda mais que quando criança adorava ver o sol se pondo quando lhe disseram que a mancha laranja intermediando o espaço do sol e o espaço da lua era uma mistura de poluentes.

Que cretinagem, esses poluentes! Era o que dizia. Até que soube que isso não tinha nada a ver com poluentes e sim com a posição do sol. Obviamente lindo e melancólico, o pôr do sol.

Um dia na festa da escola, ela estava com as amigas e ele estava sozinho se perguntando o porquê tinha vindo nessa festa idiota. Encontrou alguns amigos que o animaram.
Sentia-se perdendo tempo. Sentia-se sozinho.
Estava sempre de mal humor e no meio da festa se despediu dos amigos, lançou um olhar marcante para ela e voltou para sua casa.

Estava em casa olhando as estrelas, e pensou em suas obrigações com o pai no dia seguinte.
Pensou que sempre está esperando algo. Não sabia o que era e não quis desenvolver isso.
Pediu para a mãe lhe trazer a janta. A medida que comia, pensava.
E pensava, havia terminado a janta e ainda estava pensando.
Era uma espécie de reconhecimento de suas atitudes. Não se dava conta que estava desenvolvendo seus pensamentos que a tanto repugnava.

Foi dormir. Sonhou com ela e acordou de madrugada desmantelado. Não dava conta dos seus sentimentos e foi olhar as estrelas. Pegou no sono novamente.

Quem sabe um dia desses esse garoto terá coragem de enfrentar ele mesmo, seus sentimentos e pensamentos vãos. Deixe estar.

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