terça-feira, 17 de agosto de 2010

O Bárbaro

Link para a musica: http://www.youtube.com/watch?v=1_QU5BX81V0

Às vezes me sinto um bárbaro entre os outros, minha cultura não corresponde em alguns pontos decisivos com eles. Me sinto ignorante em muitos momentos, mas ao mesmo tempo tenho vontade de aprender, não o "aprender" no sentido de precisar aprender para me tornar algo logo e me escravizar com um "conhecimento" que muitas vezes é morto, que não se utiliza naturalmente, que não é possível compartilhar, que faz parte de regras sociais indiscutíveis ou dependente de instâncias maiores como o governo. Como aprender a explorar alguém ou se utilizar de uma conduta para tirar o proveito indigno de algo ou de alguém. Como aprender passivamente a tratar o que não me pertence com total descaso, aprender ao que me é oferecido da forma mais singela e frágil e tratar como se aquilo fosse a coisa indiferente, como se não importasse, por alguma razão preguiçosa e desleixada de não discutir. O que se aprende hoje no mundo globalizado é tão dinâmico, que não vivemos, vivenciamos virtualmente e cada vez mais com o contato virtual do outro. Não temos tempo de viver! Quando falo, é tudo obvio para os outros, mas não chegam a minha essência. Tudo tem um método pratico para se ensinar em um cronograma definido e dependente de outras pessoas de outros métodos, de outras diretrizes. A cultura do "dinamismo manada de elefantes" com o "microscópico construtivismo". A vivência sendo esfarelada pelos vários tipos de mídia. Não quero essa vida. Gostaria que houvesse uma saída para uma vida de verdade, com direito a saúde sem a necessidade freqüente de medico, onde o prazo do natural é mais importante. A organização se tornou algo tão enfartado, que estafa pessoas diariamente com o stress. O trabalho braçal é completamente desvalorizado. O trabalho que é feito com a ciência por vezes é insano, é desumano, a ética como palco de grandes teatros, clones de pessoas, vírus artificiais, "neurochips", o alimento das multinacionais, os sangues do planeta pseudo-econômico... O desenfreio é tamanho que cada vez mais a linha tênue entre a realidade e virtualidade vai se desmanchando para transformar o que vemos em pura virtualidade real, em tempo real. Tudo isso me cansa, é demais para mim, quisera(remotamente, é claro) eu voltar tantos anos for preciso, para ter tempo para viver e vivenciar os momentos de riqueza da humanidade "sem nanotecnologia", conhecer culturas, línguas, povos, lugares, me sustentando de trabalho braçal, respeitando gente e a naturarealeza, com a dança, com a musica, com a literatura. Gostaria de tratar o outro como igual. As vezes é impossível, pois o outro começa a se tornar invasor, inimigo, parasita. Não ha dialogo, se houvesse um jeito arcaico de resolver na lâmina da espada, ainda que houvesse dignidade contra os indignos, heroísmo contra os vilões, mas hoje a linha tênue nos engana muitas vezes. É preciso enganar e deixar ser enganado. As vezes um confronto é engolido secamente, para uma ignóbil relação interpessoal. O homem é tão grande, tão poderoso, mas duvido de sua própria humanidade nos lares, nas escolas, nos escritórios, nos palanques, nos laboratórios, nos hospitais, nas ruas, na sua própria natureza. Lutar? Para que e contra quem? Hoje é mais fácil mandar o exercito atacar ou atirar com uma bazuca pelo computador do que, por exemplo, cuidar de interesses coletivos. Quem finge que se importa? Quem engana a si mesmo, não é mesmo? O jeito é ser bárbaro quando nos cabe ser. Quando não, cabe aguentar quanto tempo for preciso, mas com o olhar para o depois. Se possível com olhar da compaixão, pois é nobre.

Um comentário:

  1. O que temos que fazer? Não fingir, mas viver. Vai ser difícil, vamos ser rejeitados, mas estaremos vivendo. Pare e viva! Seja feliz! Explore, curta, descubra, ande, pare e seja, mas acima de tudo viva.
    Mais uma vez adorei o seu texto. As vezes a gente se sente sufocado no meio de um mundo maluco. Mas temos que manter quem nós somos, até o fim.
    bjo sir arthur

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